Ainda só vamos no sexto dia de dois mil e dezassete e já entrei em incumprimento. Uma das revoluções de ano novo – meditar todas as manhãs pela fresca – caiu por terra. Valores mais altos se levantaram. O jantar de ontem (bom), o trabalho de hoje (atrasado), a cria mais nova na escola (imperiosa).
Depois de um 2016 surreal, mórbido e manhoso, entrámos em 2017 cheios de esperança. Todos os novos anos são um novo começo, claro, mas este parece ser ainda mais. Estávamos a precisar. Mesmo aqueles que atravessaram 2016 como quem passa entre os pingos da chuva. Era preciso.
Dois mil e dezassete é mais um ano adolescente. Como gosto destes anos que em inglês terminam em “teen”, e que por isso parecem levar em si, pelo mero facto de existir, um bocadinho extra de curiosidade e de salutar selvajaria. Um ano com dois mil e tal anos: estás velho. Ah!, que termina em “teen”, espera.
Brindemos ao ano novo. Se não for por mais nada, que seja à sua frescura. À sua eterna juventude.
(nas imagens, páginas do calendário dois mil e dezassete desenhado pelas talentosas ilhas studio (Catarina Vasconcelos + Margarida Rêgo) com ilustrações de adoráveis aves raras (pássaros das ilhas) criadas por Fati Morri. É uma edição limitada, mas talvez ainda vão a tempo. Pode encomendar-se aqui. Por falar em ilhas, este livro do Raúl Brandão, publicado em 1926, foi das minhas leituras preferidas em 2016. Não queria deixar entrar o ano sem o meu best of particular do ano que passou).
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