A conversa metafísica com S. pela mata resume-se a isto:
– Mãe, porque é que os super-heróis usam cuecas?
(em princípio, todos usamos cuecas, S… zinho)
– Não, mas porque é que os super-heróis usam cuecas por cima da roupa? Tipo, por cima dos collants?
(gosto da forma incrédula como pronuncia “collants”, como se já fosse suficientemente inacreditável os estafermos usarem cuecão onde e quando menos se espera, para ainda por cima terem de usá-los sobre collants. Todos os super-heróis são ridículos).
Fico sem resposta. Tento um estúpido “se calhar é para serem mais rápidos quando estão aflitinhos para fazer xixi”, mas não o convenço mesmo.
Esta história de heróicas miudezas baralha-me toda, logo pela fresca.
Mas esta história de heróicas miudezas faz-me apertar a mão do meu filho com mais força e agradecer aos Deuses por estar ali, com ele, numa manhã de Março marçalhão.
Por muitas voltas que (nos) dê a vida, somos abençoados enquanto estivermos assim, mão na mão. Sempre que estivermos assim, mão na mão.
É nestas alturas
em que irrompe, estrondoroso, pelo jardim, não um melro vulgaris
mas Um Tucano no Pólo Norte
é nestas alturas que compreendemos como é bom estar vivo
como é bom estar comovido
e agradecido
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