Num dia de Outubro vou à capital fazer uma entrevista. As entrevistas não são todas iguais, e acontece o entrevistador passar a entrevistado sem saber nem como nem porquê. São as melhores.
Estou no centro de Lisboa, devidamente atrasada, chego a uma porta, subo umas escadas, não reparo se têm corrimão mas desconfio que não, são as melhores. Lá em cima a porta está aberta, pelas janelas inclinadas entra a luz cinzenta, coada pelas nuvens esparsas do dia que voa lá fora. É um lugar despido e forte. Uma sala vazia, chão de madeira, traves descascadas a suportar um tecto distante quanto baste.