Beirute estalou no ano em que eu nasci e começou a sossegar no ano em que a minha mãe levava a minha irmã na barriga. Talvez isso explique a ligação umbilical que senti assim que pus um pé na cidade. Talvez não passe de uma coincidência forçada, engendrada para explicar o inexplicável, um amor rompante, sem aviso, coup de foudre, coup de Bey. É possível que para compreender uma cidade desconhecida seja preciso comê-la, mastigá-la, digeri-la nos sucos da nossa própria biografia, e assim, mesmo num plano fictício, torná-la nossa, autobiográfica.